A educação para o empreendedorismo nas Instituições de Ensino Superior (IES) foi promovida e implementada principalmente a partir do início do século XXI, apesar de os primeiros cursos a incluir o tema terem surgido na década de 1990. É, de certo modo, possível apontar o ano de 2003 como o momento de afirmação para a educação do empreendedorismo no Ensino Superior, deixando uma marca clara na oferta educativa existente – no ano lectivo 2004/2005, cerca de 27 cursos de empreendedorismo estavam em funcionamento. Desde então, as IES prosseguiram no desenvolvimento dessa formação, hoje sobretudo associada a estudos pós-graduados.
As IES têm trabalhado a educação para o empreendedorismo numa dupla perspectiva. Primeiro, na sua relação com o tecido empresarial e a criação de negócios. Segundo, e mais recentemente, na difusão de competências transversais integradas no curriculum e em actividades extracurriculares. Ora, estas duas dimensões beneficiaram do entendimento das IES de que a relação com outras entidades alargaria o potencial e melhoraria as condições da sua oferta educativa. Como tal, alguns programas de incubadoras de empresas e de startups surgiram de fora do quadro do sistema educativo e potenciaram o impacto dessa formação, uma vez que várias IES se associaram a esses programas.
O balanço dos últimos quinze anos é, assim, muito positivo e caracteriza-se por um rápido crescimento da educação para o empreendedorismo nas IES, que reconheceram a sua mais-valia para a formação dos seus estudantes. Apesar disso persistem dificuldades, nomeadamente o facto de, em termos culturais, a população portuguesa ser adversa ao risco associado às iniciativas empreendedoras.
Prevalece, por isso, muito trabalho pela frente na mudança de mentalidades e no juntar de esforços para, através da educação para o empreendedorismo, promover maior competitividade, inovação e empreendedorismo na economia portuguesa e nas próximas instituições de ensino superior – factores que serão determinantes para o sucesso e bem-estar ao longo da vida das actuais gerações mais jovens. Mais do que a enumeração de áreas de intervenção, é necessário reflectir sobre como, nas IES, se podem desenvolver competências nos estudantes, principalmente relacionando as capacidades adquiridas nas disciplinas mais tradicionais com as soft skills que definem a capacidade de aprendizagem e de abertura à inovação.
Prof. Dr. Dana T. Redford
Presidente, PEEP – Educar para Empreender (Associação)